Jornalismo de cultura pop com um jeitinho brasileiro.

O que o povo tá achando de Coringa – Delírio a Dois?

A gente ainda não viu. E provavelmente vamos esperar chegar no streaming. Mas uma galera por aí já assistiu e conta o que achou.

Por THIAGO CARDIM

Enfim chega aos cinemas brasileiros Coringa – Delírio a Dois, a continuação daquele filme de 2019, dirigido por Todd Phillips e estrelado por Joaquin Phoenix, que trazia como protagonista uma nova versão do Palhaço do Crime, numa cronologia própria e independente do restante do universo DC dos cinemas. Muito que bem.

Bom reforçar aqui o seguinte: eu ODEIO o filme original. Com todas as minhas forças. Não gostei desde a primeira vez que vi e cada vez que tive a chance de reassisti-lo de lá pra cá, passei a gostar cada vez menos. A interpretação do Phoenix, pra mim, sempre pareceu bem OK, digna de elogios, mas com um quê de exagero que me incomodava além do esperado. No entanto, na minha nada humilde opinião, onde o filme pecava DE VERDADE era na exaltação à vitimização do pobre homem hétero branco, tadinho, o que combinava com o discurso do próprio cineasta e que, ao culminar NAQUELE final, levou uma horda de incels idiotizados a idolatrar este Coringa como um exemplo de comportamento de resistência ao “sistema”, tal qual acontece com exemplos tóxicos da cultura pop como Thomas Shelby e o Dr.House (independentemente de você gostar das séries ou não, a conversa NÃO é sobre isso).

Mas preciso confessar que, quando descobri que a continuação seria não apenas um musical, mas estrelado pela Lady Gaga como uma versão da Arlequina, digamos que eu já me empolguei um bocadinho, pois “musical” (que amo) e Lady Gaga (que amo). Mas quando assisti aos primeiros trailers, hum, algo no caldo voltou a entornar pra mim.

Ao ler este compilado de resenhas aqui embaixo (que você deve ler ou assistir, mas, vamos lá, não invalidam o fato de você ir assistir ao filme para tirar a SUA opinião), devo dizer que a ideia de que o filme revisita o personagem e, mais do que isso, o vira do avesso ao se tornar uma crítica metalinguística ao culto que se criou em torno dele no primeiro filme, me agrada um bocado. Uma continuação que critica o que se tornou o filme original. Bão demais.

Só que, antes de mais nada, seria importante que fizesse isso sendo um BOM FILME, o que parece que não foi o caso. A crítica mais recorrente acaba sendo que este Coringa 2 não consegue se decidir entre ser um musical, um filme de tribunal, um drama prisional, um romance…

Uma pena. Verei quando puder. Em breve. Já sabendo que, no fim, eu posso ser o palhaço da história. 😀

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“Phillips e Silver entregaram a última coisa que alguém esperava: um filme socialmente responsável do Coringa que encontra uma maneira intrigante de explorar as consequências (dentro e fora da tela) do primeiro filme”
NME

“De fato, a ideia de colocar um dos casais mais complicados da cultura pop em um musical para o cinema de massa se faz transgressora e ousada, mas, ao mesmo tempo, evidencia que nem sempre só o conceito louvável sustenta uma jornada”
Omelete

“O que é mais impressionante é a maneira como Phillips voluntariamente prejudica seu próprio sucesso de bilheteria de um bilhão de dólares. Ele está olhando para dentro”
The Wrap

“É um filme ousado, sem dúvida, com grandes performances de Joaquin Phoenix e Lady Gaga, mas não sobrevive à questão mais temida por sequências: será que era necessário?”
Adoro Cinema

“Sua abordagem excêntrica não agrada a todos os tipos de fãs de quadrinhos, mas encontra uma esperança estranha e trágica própria”
Empire

“Não há a explosão de violência que coroa sua voz solitária contra um sistema opressor. O que o filme oferece é o total oposto, substituindo a ousadia corporativa de seu antecessor por uma provocação a quem enxergou virtudes no caos”
UOL

“No final das contas, porém, a sequência tem muito pouco a dizer sobre Arthur Fleck e seu lugar neste mundo, e os interlúdios musicais começam a parecer uma autoindulgência gratuita, em vez de passagens perspicazes e esclarecedoras que avançam ou aprimoram o material”
Chicago Sun-Times

“É um bom filme. Excelente até. Mas talvez não tão bom quanto o que esperava ou queria ver. Claro, expectativas são pessoais e eu certamente o recomendaria tanto a fãs do personagem dos gibis quanto àqueles que querem ver um tratamento mais sério”
Delfos

“Phillips realmente perde a chance de abraçar totalmente a parte musical e fazer algo realmente diferente. Apenas mergulhar nesse gênero, com aqueles ótimos intérpretes, é o suficiente para deixá-lo louco”
USA Today

“Ainda que apenas a parte musical do filme fosse ruim, estaria tudo bem. Mas a parte sem música é ainda pior: não há qualquer acontecimento neste filme que faça com que ele se justifique”
IGN Brasil

“Com mais ousadia do que sucesso, o filme diz que quem considera o Coringa um herói a ser imitado é tão delirante quanto Arthur Fleck, e serve seu bolo de quadrinhos ao mesmo tempo em que o enche de veneno de rato”
Washington Post

“Todd Phillips bate no liquidificador um sem-fim de referências para mostrar que seu palhaço triste é produto de toda uma cultura que o precede. Uma costura que, por vezes, chega com o retrogosto de quase mastigar muitas das conclusões às quais quer chegar a respeito dos temas”
Jovem Nerd



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“Embora acabe tão estridente, trabalhoso e muitas vezes tedioso quanto o primeiro filme, há uma melhoria”
The Guardian

“Suas mais de duas horas de duração parecem uma piada de mau gosto feita sob medida para fazer o espectador perder a conta de quantas vezes revirou os olhos”
Legião dos Heróis

“Gaga é uma presença convincente, dividindo a diferença entre afinidade e obsessão, ao mesmo tempo em que dá a Arthur uma dose de alegria e esperança que o faz cantar ‘When You’re Smiling’ em seu caminho para o tribunal. Seus números musicais, tanto duetos quanto solos, têm uma vitalidade que o filme mais frequentemente sombrio precisa desesperadamente”
The Hollywood Reporter

“O filme lembra o gesto típico do comediante ofendido com quem não entendeu sua piada, disparando insultos para levar tomatadas. O que chama a atenção é Phillips frustrar fãs e detratores em igual medida. Ao desagradar a gregos e troianos, ele abre caminho para a sequência despertar alguma reação que não seja a dos braços abertos e da mente fechada”
Folha de S.Paulo

“Pode ser ambicioso e superficialmente ultrajante, mas de uma forma básica é uma sequência excessivamente cautelosa”
Variety

“É fraco, mal escrito, mal elaborado e mal executado. É uma ideia que talvez até pudesse ter saído do papel, mas após umas boas melhorias. É um filme que serve apenas para escancarar o medo de um cineasta de explorar seus personagens, e um óbvio medo de delirar como deveria”
Oxente, Pipoca

“Dependendo de como você olha para isso, esse exercício de desmitologização é ousado ou irritantemente presunçoso, mas definitivamente não é muito divertido. Phillips parece estar dizendo que, se você se apaixonou pela autoimagem messiânica de Fleck da última vez, então a piada é você”
BBC

“A produção não chega a ser ruim, e sim frustrante por não conseguir dizer o que quer em mais de duas horas de duração e por arrastar-se em momentos de extrema importância – deixando de lado, inclusive, as interessantes reviravoltas de que poderia se valer”
Cinepop

“Mesmo durante os números musicais de fantasia, que dão cobertura para se afastar da estética geral do filme, Phillips é simplesmente incapaz de entregar o deslumbramento necessário ao gênero que certamente complementaria a personalidade do Coringa”
Collider

“A continuação não tem coragem de abraçar de vez o inesperado e toda vez que se aproxima demais do limite volta meio de supetão para a segurança do previsível”
G1

“Muito pouco acontece além dessas paredes, reduzindo o filme a um psicodrama restrito. É surpreendentemente monótono, um procedural inútil que parece desdenhar do seu público”
Vanity Fair

“Todd Phillips dispara sua metralhadora de ideias contra as redes sociais, o ápice e a queda de celebridades, sensacionalismo, seguidores sem noção e as causas e consequências da atual política interna americana”
O Globo

“É um trabalho tão severo e desagradável que é difícil saber por que foi feito ou para quem”
The New York Times

“Lady Gaga realmente teve seu potencial desperdiçado. Seria entretenimento puro ver a artista realizar loucuras e soltar a voz, mas a personagem fica contida, quase como figurante”
Veja São Paulo

“Se os atores principais não fossem tão assistíveis, o filme seria apenas completamente chato”
Wall Street Journal



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“Perde em força política, mas tem Joaquin Phoenix em interpretação radical e genial”
O Estado de S.Paulo


“Não é um filme sobre amor. É muito mais sobre esses personagens que se perdem nas próprias obsessões e possibilidades de passar por cima de seus erros. Mas no final das contas nada disso é muito explorado e tudo se contenta em ser montado para uma única frase que grita algo óbvio”
CinemAqui

“O que há de mais próximo de uma mensagem de qualquer tipo é: Ei, fanáticos? Vão se foder”
Rolling Stone