Afinal de contas, quem é esse tal de Knull?
Vilão finalmente confirmado no terceiro filme do Venom após o trailer final, depois de muitas suspeitas, o deus da escuridão e pai dos simbiontes pode ser a pista do futuro do Aranhaverso na Sony. Ou não. 😉
Por THIAGO CARDIM
“Mano, me conta quem é esse Knull aí. Jogou onde, pô, hahahahaha?”
A pergunta partiu de um antigo colega de trabalho, que não lê rigorosamente nada de gibis de hominhos mas se tornou, nos últimos anos, uma espécie de viciado nos filmes da Marvel e da DC. E que acabou me tornando o seu oráculo particular para entender mais sobre as conexões dos blockbusters com as fontes originais. O questionamento surgiu, obviamente, depois da divulgação do trailer final de Venom 3, aquele filme que eu nem queria ver mas serei obrigado porque sou um maldito teimoso (e também porque um dos filhotes aqui de casa botou na cabeça que estes filmes do linguarudo são a última bolacha do pacote da diversão pipoca).
Estava lá ele, longos cabelos brancos, cercado de criaturas similares ao parceiro alienígena de Eddie Brock e sentado em um trono um tanto gosmento, tal qual o seu próprio exército. O criador dos simbiontes, que aparentemente está mandando os seus arautos para buscar o Venom… ou ALGO que ele tem de muito especial consigo.
Num resumo bem resumido, para preguiçosos de plantão: Knull é o líder dos simbiontes e a grande ameaça cósmica que você nem sabia que precisava conhecer (talvez não precise ainda, mas você decide). E não, pelo menos nos gibis, ele não é só mais um vilão qualquer—Knull é o deus sombrio que estava lá desde o começo da treta dos simbiontes, e chegou para bagunçar geral.
Quem é o Knull?
O vilão fez sua primeira aparição em Venom #3, publicada em 2018 pela Marvel Comics – embora, vamos lá, ele tenha aparecido, sem ter sua identidade de fato revelada, cinco anos antes, em Thor: God of Thunder #6. Afinal, retroativamente, descobrimos que a caçada aos deuses perpetrada por Gorr teve o próprio Knull como mandante do crime.
Ele foi criado por Donny Cates (roteirista) e Ryan Stegman (artista), a dupla responsável por revitalizar o universo dos simbiontes com histórias mais sombrias e épicas, depois do baita sucesso que o primeiro filme do anti-herói fez nos cinemas.
Pensa num ser milenar, literalmente pré-histórico, que existia antes de tudo. Enquanto o universo se formava e a luz começava a brilhar, Knull já estava ali, curtindo a escuridão e odiando toda essa parada de “vida”. Quando os Celestiais (aqueles mesmos, dos Eternos e da obra de Jack Kirby) começaram a criar mundos e seres, Knull não curtiu nem um pouco e fez o que qualquer divindade sombria faria: pegou uma espada feita da própria escuridão (a Necrosword) e partiu pra cima. Um rebelde nato.
Foi com esta primeira espada simbiótica, feita do próprio vazio, que Knull foi lá e DECAPITOU deuses e seres cósmicos.
O sujeitinho criou os simbiontes como um exército pessoal, que na real são partes vivas dele mesmo, prontas para corromper qualquer um que cruze o caminho. E, como bom déspota cósmico de gibi de super-herói, ele não se contenta com uma cidade ou planeta; ele quer a galáxia toda sob seu comando sombrio.
O camarada já dominou planetas inteiros, espalhando seu exército de simbiontes e mergulhando tudo na escuridão. Mas os simbiontes acabaram se virando contra ele em algum momento (tretas de família, né?), selando o grandão num planeta escondido, tipo “vamos deixar esse problemão bem longe da gente”. Claro que, como todo vilão galáctico, ele não ia ficar preso pra sempre e, quando conseguiu se libertar, voltou com força total.
O Rei das Trevas
Importante explicar aqui: o chamado Rei das Trevas, também conhecido como Rei Ônix, é uma espécie de cargo no equilíbrio celestial. Trata-se do equivalente aos chamados Beyonders: enquanto os assim denominados Reis de Branco mantêm o Multiverso com a luz da Concordância, o Rei das Trevas é encarregado de mantê-lo usando o poder do Abismo Vivo. O primeiro a fazer uso da “coroa” foi justamente Knull, que rejeitou tal dever e criou a Mente-Colmeia dos simbiontes.
O crossover de mesmo nome, Rei das Trevas (em inglês, King Black), que rolou nos gibis entre os anos de 2020 e 2021, começou como o ápice de uma longa construção que começou nas histórias de Venom. Knull se liberta de sua prisão cósmica e vem à Terra com um único objetivo: mergulhar o universo inteiro na escuridão e retomar o controle absoluto de seus filhos simbióticos (lembremos que existem ALGUNS por aqui, e não apenas o Venom).
O senhor sombrio traz consigo um exército de dragões simbióticos e até Celestiais corrompidos por sua influência, deixando claro que essa não seria apenas mais uma invasão alienígena, com o objetivo de tornar nosso planeta o ponto central de seu novo império de escuridão.
Knull chega e logo subjuga os maiores heróis da Marvel. Os Vingadores, X-Men, Quarteto Fantástico e outros heróis se unem, mas são rapidamente dominados pela força avassaladora do exército obscuro. O camarada cobre o planeta em escuridão, infecta heróis com simbiontes, e até destrói o Sentinela, um dos heróis mais poderosos, uma espécie de Superman da Marvel, partindo-o ao meio com as próprias mãos.
Ao longo da saga, medalhões como Thor, Surfista Prateado e o Doutor Estranho tentam enfrentar Knull, mas mesmo eles têm dificuldade em conter o deus dos simbiontes. O branquelo se mostra invulnerável à maioria dos ataques e continua expandindo seu domínio. Ele até arranca o simbionte de Eddie Brock, deixando-o fragilizado e à beira da morte.
O sinal de FODEU A PORRA TODA estava próximo.
Só que isso é um gibi de hominho da Marvel, né.
Pois eis que a Força Enigma, também conhecida como Unipoder, aquela energia cósmica que se manifesta para proteger a vida e as pessoas, resolve que Eddie é digno de receber o seu poder – da mesma forma que fez durante a saga Atos de Vingança e concedeu a ninguém menos do que Peter Parker o poder do Capitão Universo. Esse poder cósmico puro é a maior fraqueza de Knull, a antítese do vazio que ele representa. Eddie se transforma em uma espécie de Venom cósmico, ganhando um upgrade insano de poder.
Depois de um épico confronto final, Eddie arranca o simbionte primordial de Knull e o joga dentro do Sol.
Pronto, todos os simbiontes do universo ENFIM estão livres. Hooray.
Tá bom, vai, mas afinal… o que Knull quer do Venom?
Olha só, acho que só vendo o filme (o que é a parte ruim desta coisa toda) é que a gente vai descobrir isso. Pode ser que ele queira apenas destruir o elo entre Eddie e o simbionte, o que pode significar um tipo de empatia e humanização que pode “infectar” a mente coletiva dos simbiontes, acabando com o poder do Rei das Trevas.
Mas, como de costume, as teorias estão bombando. E uma delas diz respeito ao FILHO de Eddie. Poisé, nos gibis ele é pai de um garoto chamado Dylan Brock.
O garoto fez sua primeira aparição em Venom #7 (2018), mostrando que Eddie tinha um filho que ele DESCONHECIA até aquele momento. Dylan é o filho biológico de Eddie e Anne Weying (a personagem de Michelle Williams nos filmes), sua ex-mulher e a primeira pessoa a se tornar a Mulher-Venom. Inicialmente, Anne escondeu a cria para protegê-lo do perigoso estilo de vida de Eddie e das constantes ameaças ligadas aos simbiontes.
Mas o moleque é, na verdade, uma criação híbrida entre humano e simbionte, com poderes que são uma consequência direta de Knull. Em vez de apenas ser um hospedeiro, Dylan tem a habilidade de controlar simbiontes e se comunicar com eles, inclusive separando-os de seus hospedeiros, algo que nenhum humano conseguiu fazer antes.
Nos quadrinhos de hoje, inclusive, Dylan está disputando o simbionte do Venom com o próprio papai.
E, no fim das contas, qual é a teoria?
Tem gente apostando que Knull e um Dylan hipotético poderiam ser o futuro do Aranhaverso da Sony. Não, não tô falando do Aranhaverso enquanto as animações com o Miles Morales, mas sim enquanto SMCU – ou o Spider-Man Cinematic Universe.
A Sony tem os direitos cinematográficos de tudo que tem relação com o Homem-Aranha (incluindo seus vilões e coadjuvantes) e, como sabemos, além dos filmes do Cabeça de Teia em parceria com a própria Marvel, está por aí fazendo filmes do Venom, do Morbius, da Madame Teia, do Kraven e por aí vai.
No papel de ameaça cósmica, Knull teria o potencial de tornar-se, portanto, o Thanos da Sony. O grande inimigo. O nêmesis do universo que a Sony tem em mãos. Sem incluir aqui qualquer outro personagem do MCU, sem pegar nada a mais “emprestado” da Marvel. Mas talvez colocando todos estes personagens surgidos nas produções da Sony contra um inimigo em comum. E talvez buscando novamente uma galera do multiverso, não apenas estes “heróis”, mas colocando no mesmo balaio de gato Tobey Maguire, Andrew Garfield, seus respectivos vilões da época e por aí vai. E se der, ainda coloca o Tom Holland de voleio no rolê.
Assim, eles conseguiriam se garantir sem precisar depender da Disney…
Faz sentido ou não?
É uma boa ideia ou não?
Deixo pra vocês comentarem aqui embaixo.
(em tempo: pra mim, eu responderia “sim” para a primeira pergunta e um sonoro “não” para a segunda)