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A missa lupina metálica do Powerwolf

Uma das principais atrações do Bangers Open Air, ex-Summer Breeze Brasil, em 2025, a banda alemã está de disco novo e assume a ponta no universo do power metal

Por THIAGO CARDIM

É definitivamente muito curioso descobrir que uma das atuais bandas mais importantes do agora renascido power metal, aquele subgênero metálico que aqui no Brasil conhecemos pela carinhosa alcunha de “metal espadinha”,  nasceu originalmente de um grupo que tocava stoner e o chamado raga rock, aquele inspirado nas tradicionais canções indianas. Poisé, vejam só vocês.

Tudo começou em 1995, lá pelos lados de Saarbrücken, capital do estado alemão de Saarland. Mas quando Karsten Brill (que já tinha tido uma experiência tocando numa banda grunge) substituiu Pascal Flach nos vocais, assumindo uma persona de palco chamada Dr. Don Rogers, a banda aos poucos começou a flertar muito mais com o punk rock e o heavy metal. Foram quatro discos, de 2000 a 2003, além de uma série de participações em festivais como o Wacken Open Air e o Summer Breeze alemão.

E naquele último ano, tudo mudou. Porque os integrantes do Red Aim montaram uma nova banda, ainda mais pesada mas também muito mais teatral. Nascia então o Powerwolf. No caso, a mais nova obsessão musical deste que vos escreve.

We don’t wanna be no Saints

“Um nome que enche de alegria todos os discípulos do heavy metal melódico e representa um quinteto de sucesso que dispensa apresentações após 15 anos de ascensão íngreme”. Esta é a nada modesta descrição que os caras fazem de si mesmos em seu site oficial.

Inspirados abertamente por nomes como Black Sabbath, Iron Maiden, Mercyful Fate e os thrashers americanos do Forbidden, os músicos apostam numa sonoridade ao mesmo tempo pesada e muito melódica, o que torna suas canções bem acessíveis. Pintados com algo parecido com os corpse paints clássicos do black metal, eles incorporam personagens que, com o passar dos anos, passaram a ser identificados como lobisomens – ou, no caso, os representantes de uma espécie de igreja lupina, que por vezes até salpicam suas letras de provocação religiosa com expressões em latim.

Inspirados nas lendas do leste europeu, em especial aquelas mais draculescas, eles apostam numa produção de palco pomposa, repleta de luzes e pirotecnia, e também numa história pregressa que, tal qual acontece com o Ghost, os transformou em personagens e criou uma espécie de mitologia ao seu redor – sem perder, em momento algum, uma belíssima dose de bom humor (no caso de canções como “Ressurection by Erection”, eles se dão ao luxo até de mergulhar de cabeça em umas piadocas quase 5ª série, dá pra dizer).

O guitarrista Benjamin Buss se tornou Matthew Greywolf, irmão de Charles Greywolf, persona do baixista David Vogt. Nos teclados (elemento fundamental na sonoridade do Powerwolf, diga-se), temos Christian Jost incorporando o divertidíssimo Falk Maria Schlegel, com uma presença de palco que é só sua. Na bateria, Roel van Helden, o terceiro e atual responsável pelas baquetas. E nos vocais, Brill se tornou Attila Dorn.

Oficialmente, a história do Powerwolf começou assim: os irmãos Charles e Matthew Greywolf tocavam juntos há anos quando decidiram criar uma banda. Logo, adicionaram o baterista alemão Stéfane Funèbre e o tecladista alemão Falk Maria Schlegel à formação, mas não conseguiram encontrar um vocalista adequado para completar a equipe.

Nesse ínterim, a banda começou a escrever e, durante um período de férias na Romênia, Charles e Matthew conheceram Attila Dorn em um pub. Entre umas biritas e outras, o convidaram para se juntar à banda. Afinal, Dorn era um estudante de ópera clássica na academia de Bucareste e que topou se mudar para a cidade natal da banda, Saarbrücken. Foi justamente com o seu amor pelas lendas romenas dos lobisomens que a banda criou seu álbum de estreia, Return in Bloodred. Pouco depois, em 2007, seria a vez de Lupus Dei, um álbum conceitual que acompanhava a jornada de um lobo e sua ascensão da sede de sangue à iluminação (tanto quanto fosse possível).

Ali, estava construída de vez a sonoridade característica do Powerwolf.

“Eu sou um metalista, um fã de metal”, afirmou, em entrevista à revista Metal Hammer, o guitarrista Matthew Greywolf, quando perguntado se a banda seria satanista. “Metal é a minha religião. Olha pra todas estas pessoas, o que as une? Posso te dizer, é a porra do metal”.

Fuckyeah! 🙂

Wake Up the Wicked

Em julho deste ano, o quinteto germânico lançou seu 10º disco de estúdio, Wake Up the Wicked, um álbum que não apenas consolida o seu papel no topo do Olimpo do metal melódico como eleva muitos graus o que se pode esperar do Powerwolf.

Estamos falando da mais pura e simples extravagância sonora, com órgãos ainda mais proeminentes e camadas de corais religiosos entre o doce e o tétrico, além de uma coleção de refrões soberbamente mais ganchudos e irresistíveis.

O resultado que se pode ouvir em canções como a abertura “Bless ‘Em with the Blade”, “1589”, “Joan of Arc” (um dos pontos altos do disco, aliás) e “Kyrie Klitorem” (sucessora espiritual de “…by Erection”) é a promessa de faixas que funcionam claramente como hinos para serem cantados ao vivo – em especial se estivermos falando de um daqueles imensos palcos a céu aberto.

Por falar nisso… BANGERS OPEN AIR!

Depois de uma passagem por aqui em 2020, no pré-pandemia, o Powerwolf vai voltar a trazer a sua missa metálica ao Brasil, como parte integrante do line-up do Bangers Open Air, novo nome do Summer Breeze Brasil. O festival acontece, como já virou tradição, lá no Memorial da América Latina, em São Paulo – agora entre os dias 2 e 4 de maio. O Powerwolf deve ser uma das atrações principais do sábado, dia 3, num dia que vai reunir diversos outros grandes nomes do power metal, como Sabaton, Kamelot e Sonata Arctica. Um deleite para este nobre editor, tenho que confessar. <3

Os ingressos estão à venda no Clube do Ingresso.

E se você quiser comprar discos e demais produtos do Powerwolf, pode seguir por este link aqui – que ajuda a gente a garantir o leitinho dos nossos lobinhos. 😉

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