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Ninguém Vai Te Salvar é um suspense eletrizante com conteúdo simbólico

O terror de ficção científica que estreou esse mês no Star+ é o mais novo candidato a cult instantâneo e, apesar de ser sobre alienígenas, escancara nossa humanidade

Por GABRIELA FRANCO

O filme Ninguém Vai te Salvar estreou no último dia 22 de setembro na plataforma Star + e tem arrancado elogios do público. O longa de ficção científica/terror com alienígenas é escrito e dirigido por Brian Duffield (de The Babysitter) e estrelado por Kaitlyn Dever (de Fora de Série) e conta a história de Brynn Adams), uma jovem que trabalha como costureira e que mora em uma pacata cidade, ainda na enorme casa da família, onde cresceu.

Aparentemente sozinha no mundo, ela parece estar elaborando o luto pela perda de sua mãe, Sarah (Lauren L. Murray), e de sua melhor amiga, Maude (Dari Lynn Griffin).

As coisas começam a ganhar um contorno esquisito quando reparamos que muito do estilo de vida recluso de Brynn é devido ao ódio que a comunidade de sua cidade dirige a ela.

Ela mal sai de casa e, quando coloca a cara pra fora, se esconde para não ter que encontrar ninguém. O carteiro, quando vai deixar alguma encomenda em sua casa, faz questão de arremessar os pacotes, demonstrando revolta contra sua existência. Sua caixa de correio, inclusive, mostra marcas de vandalismo.

Não fica claro a princípio o que levou a comunidade a odiar tanto a jovem, mas esse mistério é um dos que vai se desenrolando ao longo do filme e o torna tão interessante.

Busquem conhecimento

Todos os dias são exatamente iguais na vida de Brynn. Ela acorda, cuida da casa, costura, visita o túmulo da mãe no cemitério, escreve cartas para sua melhor amiga morta, interage com o diorama que imita uma pequena cidade na mesa da sala, inclui um ou outro item, acende as pequenas luzinhas. Pequenos prazeres que tornam sua vida menos solitária. 

Certa noite, porém, ela acorda por conta de ruídos estranhos dentro de casa e acaba se deparando com intrusos – como se já não bastasse o fato, ela descobre que eles são ALIENÍGENAS, e o que se dá a partir daí é uma longa e silenciosa batalha por sua sobrevivência, pontuada por momentos de muita tensão e ação eletrizante.

Citei “batalha silenciosa” porque nisso o filme se assemelha bastante a outros do gênero como “Um Lugar Silencioso” – mas aqui, não porque aqui os monstros são sensíveis ao som, mas porque, como já diz o título do filme, essa batalha é de Brynn e só dela. Ela não conta com absolutamente ninguém para auxiliá-la, fazer armadilhas ou encontrar saídas estratégicas para fugir dos alienígenas.

Aparentemente, a menina frágil e solitária que vai ter que se virar para não ser dominada pelos horrendos seres extraterrestres. 

O fato de toda a perseguição se passar em absoluto silêncio, apenas conduzida pela sonoplastia, pela trilha incidental de Joseph Trapanese (responsável pela trilha de “The Witcher”), além de sequências incríveis, e por vezes belíssimas, de imagens noturnas, sustentam a tensão do espectador ao máximo, podendo levar o filme facilmente ao patamar de melhores do gênero.

Real demais para toda mulher

A princípio, o plot principal de “Ninguém Vai te Salvar” parece ser o mais clichê possível: aliens invadem a Terra. Mas a magia do cinema está em contar histórias aparentemente clichês de uma forma totalmente nova e magnética.

O filme é totalmente simbólico. No final, fazemos paralelos entre o título e a condição de uma mulher sozinha no mundo tendo que lidar com uma realidade hostil. Sentindo-se rechaçada, julgada, precisando lidar com traumas do passado e tendo que sobreviver aos “aliens” que querem violentá-la, dominar seu corpo, sua mente e sua vida.

“Ninguém Vai te Salvar” infelizmente tem muitos paralelos com a realidade, existência e resistência das mulheres no mundo. E talvez por isso ele seja fascinante e inspirador e muito mais profundo do que um simples filme de invasão alienígena.