Em quatro acordes, quadrinistas que tiveram sua história TAMBÉM no rock
Aproveitando a passagem do tal Dia do Rock comemorado apenas no Brasil, a gente relembrou quatro nomes dos gibis que não apenas gostam de rock mas também já fizeram (ou ainda fazem) parte de suas próprias bandas
Por ANDRÉ MORELLI*
Um aspecto pouco explorado quando cruzamos música e quadrinhos é observar que muitos profissionais da indústria de HQs não só são apaixonados pelo estilo como também já tiveram ou mantém uma carreira musical.
Portanto, em quatro acordes, vamos te apresentar alguns deles:
É 1…
Tendo vivido sua adolescência em meio à febre punk que tomou a Inglaterra em 1977, o cultuado Neil Gaiman foi profundamente influenciado pelo conceito do Faça Você Mesmo, praticado por bandas e fanzines. A ideia levou Gaiman a montar sua própria banda (a Ex-Execs) e anos mais tarde, afastou o autor da faculdade para aplicar na prática o processo de tentativa e erro em seus esforços para se tornar um escritor. Se liga na foto da fase roqueiro do moço:
Ex-Execs no Soho Market, em Londres, ano de 1978. Da esquerda pra direita: Graham Smith, Geoff Notkin, Neil Gaiman e Al Kingsbury.
É 2…
Já o escocês Grant Morrison, antes de se tornar famoso por seus roteiros psicodélicos, foi guitarrista do The Mixers, uma banda mod psicodélica. Mas à medida que o sucesso na música se tornava mais distante, Morrison passou a concentrar sua energia nos quadrinhos, que o levaram a se transformar numa espécie de rockstar do gênero.
Em 1984, quando a banda já tinha se separado, duas de suas faixas – “Love Hurts” e “Never Find Time” – entraram na compilação de Daniel Treacy, “All For Art And Art For All”, que ressurgiria em um disputado formato vinil japonês na década de 1990.
É 3…
Um caminho muito diferente do norte-americano Max Bemis. Vocalista da banda de rock alternativo Say Anything. Bemis teve sua carreira abalada por abuso de drogas e problemas mentais. Os quadrinhos ajudaram o músico a se reestabelecer, muitas vezes escrevendo roteiros que lidam com personagens com problemas mentais como o Cavaleiro da Lua e o Matador de Idiotas (Foolkiller), um obscuro anti-herói da Marvel.
…e é 4!!!!!!
Atualmente, ninguém pode se considerar mais bem-sucedido nesses dois mundos do que Gerard Way. Como vocalista do My Chemical Romance, Way vendeu milhões de discos e ainda conseguiu encontrar tempo entre uma turnê e outra para, junto com o brasileiro Gabriel Bá, criar The Umbrella Academy, HQ sobre uma disfuncional família de super-heróis que não só ganhou um prêmio Eisner como também foi adaptada para uma série live-action pela Netflix.
Nos últimos anos, Way se dedicou ao Young Animal, selo da DC Comics no qual desenvolveu quadrinhos de super-heróis (incluindo a mesma Patrulha do Destino que Grant Morrisson conduziu brilhantemente) em um estilo mais experimental. O selo se encontra em hibernação, mas assim como a morte não existe nos quadrinhos, tudo pode acontecer. Até mesmo uma turnê de reunião do My Chemical Romance, que encerrou suas atividades em 2013, voltou aos palcos no final de 2019 e deve retornar ao Brasil em 2023.
* ANDRÉ MORELLI é jornalista especializado em cultura pop e viciado em música. Já foi repórter da revista Mundo dos Super-Heróis e é autor dos livros “Super-Heróis nos Desenhos Animados“ e “Super-Heróis no Cinema e nos Longas-Metragens da TV”.