Jornalismo de cultura pop com um jeitinho brasileiro.

Matt Reeves resolve a maior charada do Batman nos cinemas

Com o novo filme do Morcegão nos cinemas, cineasta usa de maneira precisa um ótimo Robert Pattinson para explorar uma faceta do personagem que andava esquecida

Por THIAGO CARDIM

Não vou ser hipócrita, até porque já falei a respeito disso aqui mesmo no Gibizilla e também lá no nosso podcast, o Imagina Se Pega no Olho – mas diferente da grande maioria dos amigos e amigas leitores de gibis de super-heróis, o Batman tá longe de ser meu personagem favorito. Muito longe MESMO. Por mais que eu adore a sua galeria de vilões e diversos dos coadjuvantes da batfamília (oi, Asa Noturna!), ando cada vez mais com preguiça da superexposição do coitado do Cavaleiro das Trevas. Ele tem que aparecer em todos os gibis da DC, ele tem que estar como convidado em tudo quanto é filme da Warner… Um saco.

Por isso, confesso que de imediato bateu um bode no anúncio de MAIS uma versão do Morcegão nos cinemas. Pra mim, ele precisava era dar uma descansada, abrindo caminho pra trocentos outros personagens possíveis, e não ganhar a QUINTA versão cinematográfica live-action desde 1989. Mas também confesso que, apesar de ter dito várias vezes que não tava no barato de MAIS um filme do Batman, duas coisas me trouxeram de volta o tesão por conferir esta história – a primeira, claro, era o Robert Pattinson. Uma escolha fora do padrão Zack Snyder vigente pro papel de protagonista e, ao mesmo tempo, certeira por se tratar de um ótimo ator, que não tem medo de se entregar.

E a segunda e mais importante, sem dúvidas, é a presença de Matt Reeves na direção.

Depois do que o cara fez com uma de minhas franquias favoritas do cinema de ficção, o Planeta dos Macacos, equilibrando lindamente doses equivalentes de cinema pop cheio de adrenalina com camadas profundas de aprofundamento de personagem, não tinha como eu não ficar empolgado. E eu tava certíssimo ao pular no trem do hype, atendendo ao chamado do menino Reeves. Porque The Batman, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 3 de março, é um Homem-Morcego com sabor próprio.

Enquanto se posiciona, narrativamente, no total oposto do retrato do “herói” pintado por Snyder em Batman vs Superman, Reeves consegue igualmente se distanciar da estética de Christopher Nolan, que vinha sendo o carimbo obrigatório pra praticamente todas as adaptações de heróis desde então, inclusive pra algumas lá da Dona Marvel… E se, do lado de lá, foi lindo ver caras como James Gunn e Taika Waititi superando o manual nolanesco de vez, é uma delícia ver que a DC, justamente com seu principal personagem, enfim se liberta destas amarras.

E, mesmo assim, mesmo com sua identidade única, The Batman não perde aquela coisa toda de realidade, de naturalismo, de “o que aconteceria se o Batman existisse de verdade”, que foi a marca de Nolan. O pé no chão. Só que aqui, com outra embalagem. Calma que eu explico.

Um Batman há muito sonhado

Uma característica que Reeves finalmente apresenta do jeito que se deve é a do Batman detetivesco. Consideremos, claro, que esta é uma história de Bruce Wayne em seus primeiros anos de vigilantismo. Então, apesar de olhos treinados e um cérebro afiadíssimo, ele é um investigador em começo de carreira. Mas, mesmo assim, fazia muita falta ver o Cavaleiro das Trevas investigando um caso, analisando pistas, cruzando referências. Em resumo, usando aquele que é seu principal superpoder, a inteligência, ao invés de apenas e tão somente os punhos.

Para isso, a escolha do Charada como vilão foi absolutamente genial. Afinal, seus enigmas, seus códigos, são desafios perfeitos para a mente analítica do cruzado mascarado de Gotham City. Só que, em The Batman, o vilão ganha contornos menos cartunescos. Suas charadas são menos engraçadas, divertidas, aquelas piadinhas bestas de duplo sentido. O Charada aqui, neste universo cinzento que inicialmente conversa direto com o cinema noir de gangsteres e detetives, é um serial killer. Em certo ponto, ele chega a lembrar – guardadas as devidas proporções – o Jigsaw de Jogos Mortais, com um nível elevadíssimo de crueldade em suas intrincadas armadilhas.

Aqui, é preciso exaltar o trabalho de Paul Dano, um ator simplesmente espetacular que consegue ser igualmente assustador e, em certo ponto da história, até atrair a nossa empatia. E detalhe importante, sem resvalar na insanidade do Coringa, o que poderia ser uma delicada linha fina a se cruzar entre os dois personagens. O Charada parece ter uma missão, por mais que seja difícil entender qual é num primeiro momento, quando começa a acumular uma pilha de corpos dentre os maiores nomes da política local. Tudo tem cheiro de vingança. E para impedi-lo, o Batman acaba justamente se afundando em seu próprio desejo de usar o medo e os fetiches de violência para superar a morte de seus pais (que, AINDA BEM, é apenas mencionada e não mostrada mais uma vez).

Para segurar a sede de sangue de Bruce, uma aberração vestida de morcego ainda começando a ganhar a confiança da população de Gotham, Reeves acerta brilhantemente ao estabelecer um outro pilar nesta intrincada relação – James Gordon. O policial vivido por Jeffrey Wright, que ainda não é comissário, tenta convencer seus camaradas homens da lei que o mascarado é confiável. Mas, por outro lado, não tem qualquer medo de meter o dedo na cara do Morcegão, erguer a voz pra ele e segurar a onda do sujeito. Este Gordon é mais parceiro e menos sidekick, com personalidade, com autoridade, do tipo que impõe sua opinião e não aquele carinha que ficava com cara de bunda quando o Batman sumia e o deixava falando sozinho. O papo é outro, mermão.

Charada de um lado, Gordon do outro, o Homem-Morcego detetive tem contornos que chegam a lembrar os melhores momentos de um Se7en – Os Sete Crimes Capitais, clássico de David Fincher e que, por si só, já configuraria um elogio respeitável. Mas os méritos de The Batman não acabam aí. Nem de longe.

Um Batman há muito esquecido

Se tem uma parada que há muito me incomoda no retrato do alter ego de Bruce Wayne, em especial nos retratos mais recentes dos gibis, é a inevitável invencibilidade do Morcego. Ele sempre tem um plano na manga (ou talvez vários), ele sempre tem uma saída genial, um equipamento ultratecnológico que vai salvar o dia, uma força de vontade inabalável que vai servir de desafio para a mente mais brutal do universo, um golpe de alguma arte marcial obscura que vai virar até mesmo aquele oponente mais preparado.  

Em resumo, um sujeito perfeito e infalível.

O Batman de Robert Pattinson não chega nem perto da perfeição. É, antes de tudo, um personagem humano. Mas não só porque não tem os superpoderes de um Superman ou Mulher-Maravilha. Mas porque tem defeitos visíveis. Consumido pela raiva de um passado que ainda não consegue digerir, por vezes ele fala sem pensar, por vezes exagera na violência. Este Bruce Wayne não tem uma persona playboy sorridente e descolada. Na real, ele foge de reuniões com acionistas e é uma espécie de ermitão lendário dos círculos sociais dos milionários locais.

O Batman de Robert Pattinson erra. E erra muito. Ele é visceral e costuma resolver as questões com o estômago. Nas lutas, ele apanha pra caramba. Mas revida. Se levanta, ainda que meio tonto, e continua brigando. Ele cai, se machuca, ele tem medo de altura, ele se arrebenta todo ao despencar depois de um erro de cálculo com seu uniforme planador.

E o Batman de Robert Pattinson tem coração. Um daqueles enormes, gigantescos, que a gente mal enxerga em Affleck, em Bale, tampouco em Clooney e Kilmer. Coração do tipo que o faz ser tridimensional, multidimensional, gente como a gente, que se estressa, que tem que lidar com seus próprios demônios, com suas cicatrizes. E aí que entra aquele que talvez seja um dos maiores acertos do filme – Alfred. Ele não é só o mordomo dos Wayne, um serviçal que anda pela casa disparando frases de efeito mordazes com sotaque britânico. Andy Serkis faz de Alfred o tutor de Bruce. Parte da família. O homem que cuidou do garoto desde a morte de seus pais, que lhe ensinou tudo sobre o mundo, sobre a vida, sobre as pessoas. Que ajudou a moldar sua ética e seu caráter. Em resumo, sim, Alfred é o pai de Bruce Wayne.

E, sem dar quaisquer spoilers, vai ficar CLARA a importância deste elo, de um jeito que nenhum outro filme já deixou, tornando uma conexão profissional em algo total e completamente pessoal. E, muito provavelmente, você vai se emocionar, mesmo com a sutileza de cada uma das sequências que constroem este mosaico. Como eu me emocionei.

Este Batman HUMANO, com alma, diferente de uma outra versão aí, tem uma outra característica fundamental que muitos dos filmes anteriores, se não todos, parecem ter esquecido – a simbiose do herói com Gotham City. Em obras como a de Tim Burton, claro, a cidade é um personagem. Isso é inegável. Mas em The Batman, fica claro praticamente um caso de amor. Que não só se complica como ao mesmo tempo se solidifica à medida que alguns segredos vão sendo revelados.

É este amor que coloca a “vingança”, esta palavra-chave tão repetida e questionada ao longo de toda a história, em cheque. E a partir dela é que surge uma outra, que vou deixar que você descubra sozinho no filme mas que faz com que ENFIM passemos a enxergar o Batman como um HERÓI. Ele não é um anti-herói. Um justiceiro. Um vigilante. Um quase vilão, como muita gente gosta de defender. Ele é, apesar de suas questões, de seus problemas, de suas neuroses, um herói. E heróis salvam vidas. E heróis, antes de tudo, INSPIRAM. Dizer mais do que isso pode estragar um clímax simplesmente maravilhoso.

O que você precisa saber é que, apesar de contar uma história sombria, dura, áspera, Matt Reeves entende exatamente o momento que passamos e o Batman que PRECISAMOS. Em certo ponto, este Batman é um ANTI Zack Snyder. Pode não parecer nos trailers. Pode não parecer até mesmo durante a primeira 1h30 de projeção. Mas, acredite, tudo vai ficando mais claro. Literalmente, até. Porque até o Batman entende, no fim, a importância da luz do dia.

Um Batman que age no silêncio

Tá bom, The Batman tem ótimas cenas de ação – a porradaria come solta em o corredor com luzes piscando, a troca de socos segue firme e sorte em tons vermelhos estroboscópicos e ao som de música eletrônica pulsando, tem até aquela perseguição de carro de tirar o fôlego que, saibam, é MUITO mais legal na versão completa do que os vídeos promocionais sequer sugeriam.

Só que quem for assistir ao filme procurando só pé na porta e chute no diafragma, acredite, vai se decepcionar. Até porque a ação aqui fica em segundo plano MESMO. Este é um Batman que por vezes se faz no silêncio, nos olhares, nas conversas com Gordon, na tensão sexual com Selina Kyle (com uma Zoë Kravitz que, apesar da sensualidade natural, tem diversas camadas e vai BEM além do estereótipo da ladra linda e vazia), nas caminhadas lentas com a capa esvoaçando enquanto a respiração do criminoso se acelera.

Não, o filme não tem aquele humor típico da Marvel, farofa escancarada, galhofa pura e bem servida, para quem estiver se perguntando (e obviamente, alguém vai se perguntar, eu bem imagino). Mas não deixa de ter lá seus momentos, contidos e dentro da proposta, em especial com o Pinguim de Colin Farrell – que, olha só, para a surpresa geral da nação, funciona perfeitamente e tem um papel fundamental numa trama que parece caminhar em diferentes direções mas acaba costurando o papel do chefão do crime Carmine Falcone (mais uma passagem magistral de John Turturro, que aterroriza só no jeito de olhar).

Agora, se você fala espanhol, prepare-se para um momento inesperadamente hilariante. Me pegou no pulo, vou te dizer. <3

E o futuro?

Para quem apenas acompanha o Batman nos cinemas, Matt Reeves deixa muitas pontas soltas para que ele e eventualmente OUTROS autores possam desenvolver um novo universo do Homem-Morcego como uma franquia completamente nova, do zero. Aquela aparição ao final, em pleno Asilo Arkham, é total e completamente reconhecível até pra quem NUNCA viu um filme do Batman na vida. E só UMA das muitas possibilidades.

Só que são os detalhes aqui e ali, estes sim saltando aos olhos de quem tem um pouco mais das referências dos gibis, que mostram a riqueza potencial dos anos futuros. Tem ali, obviamente, uma pitada de Batman: Ano Um. E também um quê de O Longo Dia das Bruxas. Isso é o que fica mais claro. Mas quando um HUSH pula na sua cara em plena tela, eis que Silêncio fala mais alto, ainda mais quando você identifica que o sobrenome de determinado personagem é “Elliot”. E é inevitável, conforme a trama se desenrola, que você fique esperando a todo momento uma menção à uma certa Corte das Corujas…

E, hey, o que era AQUILO dentro daquele frasco? O.O

Agora, se a DC vai explorar isso DE FATO, aí são ooooooooutros quinhentos.

O que dá pra dizer AGORA é que Pattinson é, de longe, um dos melhores Batmen a dar as caras nos cinemas (digamos que ele ainda precisaria destronar Michael Keaton para que a frase então mude para O MELHOR). E que Matt Reeves não apenas entendeu o personagem como se dispôs, tal qual Nolan e Burton, a dar a sua ASSINATURA a ele, fazendo um daqueles estudos de personagem que tanto adora enquanto mostra facetas pouco ou NUNCA exploradas do Morcegão nos cinemas.

Só isso já deveria valer o seu ingresso, na real.



Comments
  • 1

    Uma pena achar uma resenha para saber sobre o novo filme, mas encontrar uma com um viés direcionado a outras encarnações.

    Aí temos dois problemas: o texto faz malabarismos para incluir Snyder (Que pelo visto alugou um apartamento gigante na cabeça do autor da resenha.. passando por outros textos do site, sempre tem uma ou outra “cutucada”), em vez de focar no que as pessoas querem ler.

    O segundo problema, é que não dá pra confiar num crítico que sequer entendeu as obras anteriores. Ou faz de quem não entendeu né. Uma coisa é não gostar dos filmes, outra é não absorver as nuances do filme, ignorar coisas claras apenas para falar mal de um cineasta que, além do apartamento na cabeça, nunca te fez mal.

    Conselho: esquece o que já passou. Não há problema nenhum não gostar, mas parece um disco arranhado. Provavelmente a palavra mais falada neste site, mesmo antes deste texto, é Snyder..

    1 de março de 2022
  • 1

    Caro Cardim,

    Desculpe pelo teor do meu comentário, mas usei das mesmas falas que, como seguidor do seu trabalho, vejo de forma constante..

    Inclusive vi seu comentário no twitter, e por isso vi que tinha respondido. sou seguidor e acompanho seu trabalho pq concordo em praticamente todos seus posicionamentos, seja dentro da cultura pop, seja em questões políticas e etc.

    Dito isso, não consigo concordar com o seu posicionamento ao meu comentário. Em primeiro, você alega que houve comparação com todas as outras interpretações, e eu só foquei no Snyder. Na realidade, a sua crítica, a maior parte do tempo coesa e bem escrita, dá um passo fora para cutucar e diminuir outro trabalho, de uma forma bem incoerente , até mesmo quando o próprio filme criticado desenhou o oposto na sua cara.

    Inclusive, assisti ao novo filme ontem, e a crítica -quanto a este ponto específico, visto que o restante concordo- realmente não se sustenta. Soa mesmo como um ataque gratuito à obra e a quem gosta, como, convenhamos, acontece muito.

    E como falei, é tudo bem você não gostar, mas não ter respeito com a arte e com os gente que gosta é outra coisa, você disse que nunca faltou com respeito, mas não é a realidade, infelizmente. Esse tipo de coisa beira atitudes do fandom tóxico, mas pelo outro lado: O caga-regra do que é bom ou não é. Longe de mim participar de coisas assim, sou completamente contra, mas sempre que me manifestei a favor de uma obra criticada neste nível, fui taxado de Snydete (como vc mesmo disse no seu twitter) e coisa pior, nunca houve uma tentativa de discussão saudável, sempre respostas na defensiva e agressivas. Isso pra mim é tóxico. Ora, não é tóxico não respeitar o gosto alheio? Não é tóxico incluir alguém que gosta de uma obra em um movimento que nao faz parte? eu acho…

    Um exemplo fora do universo da DC: Amei The Last Jedi, enquanto me decepcionei demais com o último filme da nova trilogia. Nem por isso vou criticar quem gosta, que tem seus motivos, sua visão e seu gosto pessoal. E apesar de haver um fandom tóxico, que critica o R. Johnson pelo seu filme e caga regras de como deveria ser ou como ele errou, não se pode incluir todos os fans da conclusão da trilogia neste balaio, se gostaram, ótimo! Na minha opinião, inclusive, a injustiça que ocorre com o Rian Johnson é muito o que acontece com o Snyder. Apresentou uma nova visão para heróis que já estavam tendo interpretações bem repetitivas, e sofreu por isso, muita gente não gostou dessa saída da zona de conforto.

    Voltando ao principal, posso ter usado palavras mais fortes no meu comentário, mas o sentimento é esse, de deboche de quem gosta de algo que não deve ser gostado, que já ocorreu muitas vezes no site, no seu podcast e twitter, por isso o conselho. Acompanho seu site, gosto muito de várias opiniões, mas esse tipo de coisa gratuita e provocativa é muito chato. desanima de acompanhar. Inclusive, em um de seus programas, onde havia um princípio de crítica de sua parte a outra obra que sequer lembro qual era o convidado interveio e disse algo que acho que deveria ser mais propagado: tem gosto para tudo. você pode achar uma merda, mas respeite quem gosta e o trabalho. Eu não estou defendendo cineasta milionário, mas já vi defenderem estúdio milionário, o que pra mim é bem pior, afinal quem sofre é a arte , não?

    Quando você diz que é impossível falar do filme atual sem fazer comparações, sem discordância, o problema é que é visível no seu(s) texto(s) de cinema o que é comparação e o que é gracinha, o que é na maldade. Colo aqui duas ótimas resenhas que até usam de comparações, sem tentar ofender ninguém, vale a leitura:

    https://delfos.net.br/critica-batman-mostra-o-morcegao-como-detetive/

    https://www.filmelier.com/br/noticias/the-batman-robert-pattinson-critica

    reitero: Sua própria crítica caminhava muito bem, até sair totalmente do tom, de forma desnecessária, e demonstrando que de fato ou não captou a mensagem, ou colocou apenas para provocar. Da mesma forma que você diz que parece que não é “tudo bem não gostar”, a vibe de suas (milhares) de críticas acerta justamente no “não é tudo bem gostar”.

    E sim, é tudo bem não gostar. Consumo muito (muito mesmo) conteúdo sobre filmes/séries e etc. a maioria gringo, tem podcasts que não suportam o diretor objeto deste nosso debate (como The Big Picture, The Watch, entre outros) e alguns que adoram (como o Reelblend), mas nunca há falta de respeito. Todos somos fãs de cinema, e é isso que deveria ser louvado, não acha?

    Por fim, parabéns pelo trabalho em cima de gibis independentes, louvável o apoio e a divulgação. Não é meu meio, não trabalho na área, mas sempre estou apoiando projetos independentes (principalmente na área de música e literatura).

    e para esclarecer: meu objetivo jamais foi defender ninguém, vim expor minha crítica justamente por gostar de acompanhar seu trabalho, e dar sempre moral quando necessário, mas fica cansativo todo texto sobre cinema ou séries, ter que levar uma cutucada gratuita e fora do tom apenas por gostar de um filme ou outro.

    2 de março de 2022
  • 1

    Fala Cardim!

    Em primeiro, peço desculpas por ter novamente dito que não entendeu. Entenda que não quero parecer um cara tóxico e chato, da mesma forma que imagino que não gosta de que pensem algo parecido de você.

    Duvido que você queira ofender ou debochar do gosto de leitores do seu trabalho, mesmo que sem intenção pode acontecer. Com sua resposta e postura na nossa conversa posso te dizer que vou ler seus textos com outros olhos para evitar levar tudo para o lado negativo. Desculpe lhe faltar com o respeito mais de uma vez, mas como pode ver, não sou da área e nem de ficar me expondo tanto, e não tenho tanto espaço para falar minhas opiniões desses assuntos que gosto muito, e por isso acabei indo pro senso errado na hora de debater com voce.

    Quanto as interpretações dos filmes, acho que me embananei e não fui entendido! Sua interpretação do novo batman é perfeita, meu problema na comparação e na visão foi a respeito dos outros filmes! Por isso, Vou esclarecer o que na minha visão não faz do batman do Pattinson necessariamente um anti Snyder, ou melhor, não faz do batfleck totalmente diferente desta nova encarnação:

    Não há dúvidas que em BVS o Batman que é nos mostrado é realmente tudo aquilo que você é o Renan falaram. Mas aí que está: no meu entendimento, tudo isso faz parte de um arco do personagem, que depois de chegar ao fundo do poço do pessimismo, violência, e tudo de errado que realmente vemos na tela, “acorda”, e tanto no fim de BvS, quanto durante a grande parte do filme da liga do Snyder, o Batfleck passa a ser mais esperançoso, leve e saindo da escuridão, com exceção da cena do Coringa, que convenhamos, é entendível o sentimento depois de tudo que deve ter ocorrido).

    Reza a lenda que esse arco de redenção continuaria, até sua morte. Provavelmente veremos uma versão diminuta disso no flash, já que é bem claro que ele vai morrer.

    Acho que a versão ultimate de BvS (uma obra prima pra mim – não exclua meu comentário hehe), mostra bem também o que é efetivamente o batman que faz de errado, e o que é a trupe do Luthor, que também quer gerar uma animosidade entre os heróis, faz parecer do batman.

    Quanto a questão da morte do lobo de estepe, quem o “finaliza” é a Diana, que não costuma ter essa limitação. E se tratando da liga ainda mais.

    Já em relação ao uso de armas, realmente existe uma diferença. Mas algo que me incomoda muito é que grande parte (se não todos antes do robert) dos Batmen do cinema, usaram armas/mataram, mas apenas o batman de Snyder toma calor disso.

    Em síntese, acredito que havia um arco de mudança do personagem, que já estava em pleno desenvolvimento e foi cortado pela metade! Por isso, entendi, mas discordo da sua interpretação e comentário.

    Acho inclusive que muita parte da crítica em cima do Super do Henry, não levou em conta que a trilogia do Snyder buscava trazê-lo cada vez mais ao senso comum do que é o super homem, mas antes quis contar a história de sua evolução. Na minha opinião, uma sacada de mestre, se tratando de um alien com superpoderes em um mundo que não o entende/entenderia. Acho válido os questionamentos, as dúvidas, o trauma, as restrições que se impôs. Com o fim da liga, imagino que um eventual novo filme com ele, teria entregado um super homem muito mais relacionável e reconhecível. Aí entra a zona de conforto, que acredito que o Snyder quis sair, e desagradou muitos, tal qual o exemplo de the last Jedi. Mas minha opinião apenas.

    Um paralelo interessante a isso, guardada as devidas proporções, é a evolução do homem aranha da Marcel/Sony. Os filmes foram sucessos, mas ainda assim tiveram muitas críticas pela interpretação diferente do esperado, sendo uma das principais o fato de der um homem aranha totalmente dependente da tecnologia. No último filme, vimos que tudo que ele passou era parte de um arco. Hoje ele está muito mais próximo do homem aranha que muita gente pedia do que aquele que tomou um castigo do Tony stark.

    Enfim, falei demais! Desculpe toda a confusão. Obrigado pelas respostas e pelo espaço de conversar! Continuarei acompanhando seu trabalho e vou procurar comentar mais, nas próximas vezes sem tanta polêmica!

    Abs

    2 de março de 2022
  • _lsr

    Sua crítica foi excelente e também foi o que pensei. Se eu pudesse adicionar algo seria o elogio quanto a beleza fotográfica do filme. É uma grande obra de arte visual! O riff pesado (Nirvana) de um violão folk vem nos momentos mais certeiros. Um Batman que vai amadurecendo ao longo do filme, de um adolescente rebelde para um herói que se sacrifica em um momento em que não há tempo para planos estratégicos, onde a solução é avançar superando qualquer medo da morte. A complexidade dos personagens relacionados e o jogo de verdades. Filmaço!!! Tudo isso sem piadinhas para o alivio de tensão. Finalmente, um bom filme de herói sem ser cópia da fórmula criada pela Marvel. Inclusive no pós-créditos.

    9 de março de 2022

Sorry, the comment form is closed at this time.