O fantástico mundo de Chairim
Autora que já fez de tudo um pouco, de infantil a terror e passando por um lindo trabalho erótico, agora enfim financia a versão impressa da sua webcomic do coração, Crisálida, uma belíssima criação de fantasia
Por THIAGO CARDIM
“Eu sou a Chairim, mas como é meio diferente mesmo, muitos me chamam de Chai”. De cara, esbanjando simpatia, é assim que se apresenta esta quadrinista, ilustradora e colorista paulistana, que atualmente vive na cidade de Limeira, interior do estado. Embora tenha tido a chance de conhecê-la, pré-pandemia, naquilo que hoje parece até outra vida, numa mesa de boteco (e provavelmente talvez ela nem se lembre disso), foi só por e-mail mesmo que a gente começou a bater um papo sobre gibis.
Formada em design gráfico e atualmente estudando letras, ela diz, nesta conversa exclusiva com o Gibizilla, que faz quadrinhos há cerca de uma década, quando tinha apenas 20 e poucos anos. “Mas, pensando bem, eu já fazia antes, na época de fanzines, sabe? Tirando xerox, indo vender em eventos de animes”, explica. Mas ela crava o ano de 2011 como esta data tão especial porque foi justamente quando ela começou a produzir suas webcomics, com Les 3 Mousquetaires e Purple Apple. “Depois disso, em 2013 veio minha primeira HQ impressa: As Aventuras da Bruxinha Mô. E aí desde então, todo ano, ou quase todo ano, eu lanço algo novo”.
E nessa trajetória teve de tudo, passeando do infantil ao terror – e sem deixar, inclusive, de trabalhar com temáticas adultas, aka “erótico”. A maioria dos trabalhos foram autorais e independentes (Mare Rosso, Os Conselhos do Gato Darazar, Red +18, Além do Vermelho e #EuSóQueroDesabafar, uma autobiografia para falar sobre fibromialgia), mas ela chegou inclusive a desenhar alguns roteiros de autores como a igualmente incrível Ana Recalde, além de participar de coletâneas através de editoras. Nos últimos meses, no entanto, a autoproclamada hobbit que AMA ambientações de fantasia vinha se dedicando ao próximo passo de uma jornada que começou em 2017. Uma história que atende pelo nome de Crisálida.
Era uma vez, em Mare Rosso…
“Poxa, Crisálida é um compilado do ‘meu mundo’. Sempre, desde pequena, tinha meu próprio mundo. Com minhas fantasias, meus personagens, um pouco de tudo, tudo de um pouco”, conta ela. “Crisálida tem um pouco disso tudo: é um mundo de fantasia. Mare Rosso (sim, se passa na mesma cidade da HQ com o mesmo nome) é uma cidade fictícia e lá vivem muitas coisas, sabe? Vampiros, Bruxas, Fadas…”. É justamente nesse ponto que a história pega, quando Johhny, um garoto de 16 anos que tinha uma vidinha aparentemente normal, descobre que sua alma é muito velha, muito antiga. Na real, ele é uma fada adormecida.
E é aí que a confusão acontece, misturando diversos personagens que ela já apresentou em outras de suas HQs, como a bruxinha Mô, o gato Darazar, o vampiro Caravaggio e até a ruiva Red. “Mas desta vez a história é para todas as idades”, brinca ela.
Além de ter sido uma criança muito criativa e sonhadora, Chairim também jogou muito RPG e videogame nesta vida. “Além disso, adoro livros, não só de fantasia, mas de todo e qualquer gênero. Então eu acabo misturando sempre um pouco de tudo do que vivo e vejo”.
Do virtual para o mundo real
Originalmente, Crisálida nasceu pelo Apoia.se, num projeto de apoio mensal onde as páginas são postadas semanalmente, uma webcomic particular pros apoiadores. “Desde 2017, ela vem sendo produzida e desde então eu tive todos os tipos de leitores. Daqueles que gostam de aventura, fantasia, comédia e coisinha fofinha, mas também o pessoal que curte um drama”, diz.
Por muito tempo, a Chairim bateu na tecla de “webcomic”. Ela se sentia confortável, quase como tendo um público garantido comprando seu gibi na banca todo mês. “Eu digo que, mais do que o apoio financeiro, é muito importante saber que pessoas gostam do que escrevo e desenho e querem ler o que produzo!”, afirma. “Se ninguém lê o que faço, nada iria fazer sentido. Quero compartilhar minhas histórias (porque quem apoia não lê só Crisálida, mas praticamente tudo que produzo) e meus mundinhos e ter esse pessoal apoiando e acompanhando é muito bacana! E eu me sinto bem livre, sabe?”.
Então, tirando uma questão inicial, com algumas pessoas querendo “ditar” as histórias, bem ali no começo do clube de apoio (“logo perceberam que a graça não estava nisso e tudo se normalizou”), o Clubinho WoC seguiu bem tranquilo, trazendo inclusive inspirações. “Eles dão ideias, palpites, torcem, xingam alguns personagens, hahaha”, revela.
Mas aí, os apoiadores que acompanham a história ficavam empurrando a coisa do “puxa, mas não seria legal esta história virar algo impresso?”. No fim, o bichinho que um dia pica todo e qualquer quadrinista acabou picando a Chairim também. “Eu me deixei vencer por eles”, explica. “Não nego que chegou um momento em que pensei: uau, essa história foi feita com tanto carinho, seria legal ver ela impressa”.
A HQ Crisálida versão impressa, já financiada via Catarse, terá mais de 150 páginas e conta com os 3 primeiros capítulos da história. O plano, claro, é que este gibi seja só a primeira parte – os outros capítulos continuarão a ser lançados pelo Apoia.se, para que em breve saia a parte II impressa também. “Todo mundo vai saber o final da história, não se preocupe!”, reforça ela.
“Sem os assinantes do Apoia.se me empurrando, acho que esse projeto não ia sair pro impresso tão cedo”, revela a Chairim. “Já fiz Catarses antes, mas ô coisinha que causa uma ansiedade danada, viu? Haja saúde mental!”.
Para saber mais sobre a carreira da Chairim, você pode acessar o portfólio dela, além do site oficial de Crisálida e da loja online dos trabalhos dela.
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Marechal
Se vamos falar de Chairim, Crisálida é só a ponta do iceberg… quem quiser conferir mais, e se divertir com a gente, corre lá no Apoia.se.