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The Acolyte e o lado escroto dos Jedis*

Não, não estamos falando dos Sith. Estamos nos referindo mesmo é aos tais monges pacifistas e suas espadinhas luminosas, que escondem uma faceta absolutamente nojenta por trás do discurso “paz e amor por toda a galáxia”

Por THIAGO CARDIM

Antes de falar sobre The Acolyte, a mais nova série do mundinho Star Wars atualmente com episódios sendo exibidos semanalmente via Disney+, eu quero falar de Os Últimos Jedis. É, isso mesmo, o segundo filme da terceira franquia de filmes da saga, aquele dirigido pelo Rian Johnson e que se tornou um tanto maldito entre os fãs. Aquele que eu vi na estreia, achei apenas OK… mas quando tive a chance de rever, algo mudou. Digamos que uma ideia se descortinou, graças ao Luke véio no melhor modo “puto da vida” e ao Yoda no melhor modo “sou muito melhor enquanto Muppet estilo mochilinha”.

A ideia de que os jedis são uns babacas. Ponto.

Não, não que TODOS os jedis são uns babacas, sob um ponto de vista pessoal.

Mas toda a IDEIA por trás da Ordem Jedi os torna um bando de babacas, ah, isso sim.

Digamos queOs Últimos Jedis foi um filme que, em seu objetivo de amarrar as últimas pontas da trilogia original para permitir que os criadores produzissem algo efetivamente NOVO, também desconstruiu todo o conceito do que era ser um jedi. Sabe aquele bando de velhinhos fofos, graciosos, sempre pregando a paz e o amor em todo o cosmos, a integração de todos os seres com a natureza? No fim, eles tinham seus próprios interesses, suas ambições, faziam um monte de politicagens suspeitíssimas e funcionavam como uma espécie de polícia da República.

Só isso, já seria o suficiente pro Luke dizer com todas as letras que os jedis tinham mais é que acabar mesmo, ainda mais ao se posicionarem “em cima do muro” por tempo demais enquanto uma carnificina se desenhava com o nascimento do Império. Só que tinha coisa ainda pior por vir, devidamente enterrada no passado.

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Corta pro passado e chega em The Acolyte

Aí, eis que a Lucasfilm resolve levar para o audiovisual uma ambientação que já vinha testando nas HQs e livros recentemente – o chamado High Republic. Estamos falando de uma tal “era de ouro” da República e da Ordem Jedi, que se passa entre 500 e 100 anos ANTES da Saga dos Skywalker, muitíssimo antes da queda da antiga República como vimos na trilogia original do Titio George Lucas.

Pois chegou The Acolyte. Que conta a história das gêmeas Osha e Mae Aniseya (Amandla Stenberg), criadas por um coven de bruxas mas separadas por um acidente terrível, que levou Osha a ser treinada pela Ordem Jedi – enquanto Mae caminha numa trilha de vingança contra os jedis, devidamente orientada por uma figura sombria e mascarada que parece ser um dos primeiros Sith.

Assim, vamos discutir o que DE FATO interessa. Porque se a sua preocupação é com o poder das bruxas (que já existem HÁ DÉCADAS no universo de Star Wars), com a relação entre duas mulheres ou com termos o surgimento de uma portadora da Força sem “pai” (o que “arruinaria” a história do Anakin como uma espécie de Jesus intergaláctico), saiba que te considero um bobalhão – pra dizer o mínimo – do nível que eu menciono NESTE TEXTO sobre o fandom de Star Wars.

Você pode criticar a direção de The Acolyte, a “falta de ação” ou mesmo o jeito que a narrativa vem sendo conduzida até aqui. Já vi gente falando até que achou a produção toda meio “tosca”, quase como um Star Wars de baixo orçamento. Eu discordo de tudo isso, mas tudo bem, você tem direito a ter a sua opinião (por mais que ela seja obviamente equivocada). Mas o que acho de fato mais interessante aqui é que a série vai além ao mostrar um OUTRO lado da Ordem Jedi. Contado sob outro ponto de vista. O que permite, INCLUSIVE, uma interpretação diferente do que é ou pode ser a tal da Força.

Porque The Acolyte mostra que os jedis são mais do que uma polícia galáctica, mas TAMBÉM uma religião. E do tipo mais agressivo. Que pratica intolerância religiosa contra OUTRAS religiões, que não admite que se acredite na Força (Deus?) de uma forma diferente que eles. Que usa a violência se for necessário para manter o seu status quo.

Te lembra alguma religião da vida real? O.O

Talvez High Republic esteja mostrando as Cruzadas dos jedis? Aquele monte de condutas reprováveis que, no fim, levaram Luke a se sentir envergonhado de ser um jedi? No fim, os tais guerreiros de pura nobreza, que jamais deveriam sentir medo em sua missão de proteger os “inocentes”, impuseram a sua própria rotina de terror…

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Eu andava muito de bode de histórias de Star Wars envolvendo não apenas a família Skywalker, mas também os jedis, como um todo. Por isso mesmo, gosto TANTO de Rogue One e Andor, por exemplo, que mostram um canto diferentes deste mesmo universo. Mas se é pra voltar aos malditos dos jedis e seus sabres de luz, pois diabos, que seja REPENSANDO a sua essência da mais pura infalibilidade.  

No fim, pra ser honesto, nem sei bem como The Acolyte vai acabar – este texto foi escrito ao final do quarto episódio da primeira temporada. Mas, sinceramente, pouco me importa. Até o momento, a série tem conseguido me divertir. Só que ela tem sim o direito de se provar medíocre, no frigir dos ovos. Digamos que eu ando até acostumado com produtos meia-boca da franquia Star Wars. Poder assistir algo minimamente satisfatório, vá lá, já é uma imensa vitória.

E sem precisar se escorar na muleta da família Skywalker, melhor ainda.

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* Em homenagem ao finado JUDÃO.com.br, mantenho o nosso manifesto de que não tem Disney ou Lucasfilm NO MUNDO que me faça escrever Jedi com o J em caixa alta e sem o S no final para designar o plural. Ora, tenha santa paciência!

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